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LIDERANÇA INCLUSIVA

A liderança, muito mais que um cargo formal, é largamente entendida atualmente como sendo a habilidade de motivar e influenciar pessoas em prol de um objetivo. Essa clareza foi muito importante para diferenciar chefes de líderes, de modo a avançarmos do sistema de “Comando e Controle”, passando pela segunda geração compreendida pelos sistemas de gestão de qualidade (Six Sigma, BSC, etc) – mas ainda muito orientados para os gestores, até chegar na terceira onda, representada pelo Management 3.0. O Management 3.0 (M3.0) é um modelo de gestão que tem como base o pensamento complexo. Ao invés de focar em hierarquias e cargos, prioriza a maneira como as pessoas se comportam e se relacionam. Dessa maneira, as organizações passam a ser enxergadas como grandes redes de relacionamento entre pessoas. Essa visão trazida pelo M3.0, para que tenha o máximo de efetividade, deve ainda incluir uma sensibilidade adicional para as organizações, de qualquer tipo e tamanho. É preciso que as lideranças dessas organizações tenham o compromisso com a diversidade, incluindo diferentes públicos em várias áreas e níveis hierárquicos, de modo a alcançar a representatividade. Como se trata de um compromisso de garantir a presença de diferentes públicos e promover uma cultura capaz de acolher, reter e desenvolvê-los, é muito importante que estes líderes tenham atenção ao seu papel, sob as perspectivas de autodesenvolvimento para a inclusão e das atitudes a adotar em relação à sua equipe e à organização. Autodesenvolvimento da liderança para a inclusão Existem várias formas de se buscar esse autodesenvolvimento, dentre as quais podem ser citadas: Exercitar a capacidade de se comunicar de forma empática, tendo o cuidado para não generalizar as situações utilizando a experiência pessoal e pedindo a contribuição dos diversos grupos de pessoas, independente da hierarquia que ocupam. Ter coragem para promover a diversidade promovendo mudanças, pois a história de desigualdade social do nosso país é também geralmente refletida no ambiente de trabalho, e essa mudança não acontecerá naturalmente, precisará o querer e o fazer da liderança. Estar aberto a novidades, pois provavelmente a liderança terá que lidar com questões ainda não familiares, ou que ainda não são compreendidas por ela. Nesse sentido, reduzir o receio de lidar com essas novas questões e diferenças é muito importante. Ter disponibilidade para reconhecer erros, pois a experiência pessoal da liderança inevitavelmente irá influenciar em suas tomadas de decisões, e muitas vezes essa experiência traz preconceitos que precisam ser reconhecidos e trabalhados. Atitudes a serem adotadas em relação à sua equipe e à organização Esse ponto trata da aplicação do autodesenvolvimento da liderança, citado no item anterior, no dia a dia das equipes e da organização. A seguir são listadas algumas situações importantes que devem receber atenção: Contratação de pessoas, garantindo que haja um funil de seleção com representatividade quali-quantitativa dos vários grupos, com critérios imparciais, que não sejam específicos para apenas um deles, pois apesar de ser um ponto chave, as organizações não devem abrir mão do mérito apenas para que se garanta a representatividade. Definição de metas e objetivos, de maneira clara e participativa, utilizando o método OKR (Objectives and Key Results) para que todos no time estejam cientes da sua contribuição individual e do impacto global de suas ações. Essa definição também é muito importante para que se possa avaliar constantemente, na frequência combinada, a relevância do esforço empreendido. Distribuição de responsabilidades e avaliação de desempenho de forma a garantir a mesma oportunidade de desenvolvimento a todos os grupos, aplicando processos avaliativos imparciais, claros e transparentes, cuidando sempre do feedback. Condução de reuniões de trabalho buscando o equilíbrio de participação dos vários grupos representados e garantindo a segurança psicológica necessária para que todos possam contribuir, manifestando suas ideias, sem serem interrompidos ou diminuídos. A liderança deve trabalhar para desestimular e coibir atitudes discriminatórias entre os membros da equipe. Gerenciamento dos múltiplos pontos de vista da equipe de maneira atenciosa e aberta, ouvindo com empatia e encorajando debates produtivos para que não se tornem conflitos e gerem prejuízos, tanto para os profissionais quanto para as organizações. É a partir desse esforço pessoal e profissional constante da liderança que as perspectivas da diversidade e inclusão poderão ser introduzidas nos processos e nos pontos de contato com a equipe, influenciando na presença, na retenção e no desenvolvimento dos colaboradores dentro da organização.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL VIVENCIAL COMO DIVISORA DE ÁGUAS

É sabido que uma forma de se reduzir, ou minimizar, os impactos negativos do crescimento urbano é a adoção de práticas que tenham como objetivo preservar, conservar e recuperar o meio ambiente, de forma a contribuir para um desenvolvimento equilibrado e comprometido com uma melhor qualidade de vida para a população. A partir desta necessidade real, e uma vez que os municípios geralmente carecem de iniciativas com esta vocação, a implantação de um espaço para EDUCAÇÃO AMBIENTAL VIVENCIAL – EAV se torna decisivo para o bom enfrentamento das pressões atuais de desequilíbrio entre as questões sociais, ambientais e econômicas instaladas. O principal objetivo de se criar um Espaço EAV, uma modalidade inovadora de “Centro de Educação Ambiental”, é oferecer uma experiência em educação ambiental vivencial, ESPECIALMENTE ORIENTADA PARA O PÚBLICO JOVEM EM IDADE ESCOLAR, e de forma mais abrangente, para toda a população interessada e que esteja dentro do raio de abrangência física, direta e indireta, desse Espaço. O grande diferencial desta proposta está no método pedagógico vivencial, que permitirá ao visitante experimentar na prática os conceitos teóricos de meio ambiente e sustentabilidade e, a partir daí, disseminar, multiplicar e reeditar o conhecimento adquirido em sua realidade local. Abandona-se então a postura passiva do escutar e adota-se a postura proativa do criar… Além da vivência experimental, o Espaço EAV deverá oferecer também outras ações de interação e utilidade, como palestras, seminários, oficinas e cursos de capacitação, de modo a possibilitar o envolvimento de diversos agentes da comunidade local, tais como educadores e instituições públicas e privadas de ensino. As escolas passam então a ser protagonistas neste modelo de Educação Ambiental. Para a efetivação destas atividades pensadas, há também que se viabilizar um espaço físico com instalações adequadas, e quase sempre diferentes do convencional, que possam atender de forma integral a todo o público alvo da proposta, e que seja customizado, no detalhe, segundo as necessidades e a realidade local de onde será construído. A iniciativa privada passa então a ser uma potencial parceira deste modelo de Educação Ambiental. Premissas da proposta de construção de um Espaço EAV: Escolha da área onde serão construídas, ou aproveitadas, as instalações privilegiando-se a facilidade de acesso por modal de transporte mais sustentável conjugada com a possibilidade de reutilização de áreas degradadas do município. Aplicação da melhor técnica, no melhor custo, para a construção ou reforma de adequação das instalações, considerando: a utilização prioritária de materiais reaproveitados e/ou reciclados gerados no município; A facilidade de uso, acesso e a possibilidade de replicação das tecnologias pelo público visitante em suas comunidades de origem e ainda a utilização de conceitos de Permacultura. Utilização de fornecedores e parceiros prioritariamente locais e comprometidos com boas práticas de sustentabilidade. Contratação e desenvolvimento de colaboradores que se afinizem com os VALORES do Espaço EAV e que prioritariamente residam próximos à Sede do projeto; Criação de parceria com a comunidade local através da doação de benefícios ambientais e da possibilidade de geração de renda derivada dos princípios da boa gestão ambiental; Criação de parceria com o poder público local para iniciativas na área de educação; Utilização racional e otimizada dos recursos naturais, renováveis ou não, aplicando sempre o protocolo da régua de prioridade de ação da Política Nacional de Resíduos Sólidos: “Não gerar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Tratar e Destinar”. Utilização de metodologia adequada para a neutralização da pegada ambiental nas fases de implantação e operação do projeto; Utilização da meritocracia nas relações do Espaço EAV com seus colaboradores, fornecedores e parceiros; Utilização de Plano de Marketing adequado; Utilização e difusão dos princípios da Gestão do Conhecimento; Utilização de Planejamento Estratégico por OKR e Avaliação de Desempenho por Indicadores e metas; Utilização do Modelo de relatório GRI para a publicação de resultados e aprendizados. Se houver boa vontade e a correta canalização de esforços e recursos, o modelo do espaço EAV poderá nascer e se multiplicar rapidamente, visto que enxerga as necessidades locais do público alvo, que passa a ter papel ativo, e acolhe a colaboração de parceiros comprometidos com a vivência da sustentabilidade.

INACREDITAVELMENTE AINDA EXISTEM LIXÕES NO BRASIL

Com o marco histórico da publicação da Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos, a ação de recuperação das áreas utilizadas como lixões e aterros controlados passou a ter prazo máximo originalmente fixado em quatro anos (2014). Em 2015 foi criado um Projeto de Lei (PL 2506/2015) que tinha o objetivo de formalizar o adiamento desse prazo máximo. Segundo a redação deste projeto, os prazos limites para erradicação dos lixões seriam então: Até 02/08/2019, para municípios com mais de 100 mil habitantes.Até 02/08/2020, para municípios com menos de 100 mil habitantes. Mas inacreditavelmente, nada foi resolvido até a presente data (janeiro de 2021)! Lerdeza legislativa à parte, e em comemoração à essa indefinição que tende a produzir nenhum resultado efetivo, dediquei algumas linhas sobre um possível roteiro de solução tecnológica para o problema. Choque de realidade É sabido que as ações atualmente empregadas para a recuperação ambiental destas áreas críticas (lixões) têm pouca profundidade técnica e alcance efetivo, pois resumem-se quase sempre a uma “maquiagem” do problema, com terraplanagem do monte de lixo (uma espécie de ajeitada e embelezamento mesmo), construção de estruturas para drenagem da água de chuva e drenagem precária dos gases gerados, aplicação de cobertura final com solo (terra) e vegetação (normalmente capim), além de ações de melhorias paisagísticas (algumas árvores plantadas e até mesmo flores). Porém, a matéria orgânica (que é o que apodrece e gera o chorume) ainda permanece sem controle e contenção, contaminando e impactando o solo e as águas. Parte desta inação deve-se à falta de vontade política e de visão de futuro, e parte, à falta de bons projetos para acessarem recursos de financiamento para um programa eficiente de remediação ambiental destes lixões. Este tema, diante no novo olhar oferecido pela publicação da Política Nacional de Resíduos, passou a merecer atenção de todos os setores, pois o investimento em saneamento básico – tratamento de lixo e esgoto (PREVENÇÃO) claramente reduz o gasto com remédios e hospitais (CORREÇÃO).  Sugestão de um possível Programa de Remediação Ambiental para lixões Este Programa de Remediação Ambiental poderia ser dividido em três fases, que se complementam: 1ª Fase – Remediação Sócio-econômica Aplicável a cenários onde ainda existam famílias, ou pessoas, que sobrevivam e dependam financeiramente da recuperação econômica direta de resíduos descartados nos lixões. Envolveria o fechamento da área, a retirada destas pessoas e seu encaminhamento para outras atividades que permitissem sua inclusão socioeconômica. 2ª Fase – Remediação Físico-sanitária Aplicável a todos os cenários, pois implicaria na mineração dos resíduos dispostos nos lixões, com foco primário na remoção dos resíduos do solo não protegido e eliminação dos problemas associados a doenças epidemiológicas. O foco secundário seria na recuperação dos materiais recicláveis para o ciclo produtivo ($$$$) e na recuperação da matéria orgânica mineralizada (já transformada em composto orgânico para aplicação direta). O grande desafio desta fase do projeto estaria no desenvolvimento da melhor sequência tecnológica para a mineração dos resíduos, considerando as melhores condições de segurança e controle ambiental, segundo as características de cada lixão em estudo. 3ª Fase – Remediação Hidrogeológica Aplicável a quase todos os cenários devido ao alto poder de infiltração, e contaminação do solo e água subterrânea (“lençóis freáticos”), do chorume produzido pela decomposição da matéria orgânica lançada irregularmente no solo ao longo do tempo. A confirmação seria feita por diagnóstico que avaliaria, entre outros itens, o tempo de atividade do lixão, a metodologia de sua operação e as evidências percebidas pela análise físico-química da qualidade do solo e da água subterrânea no local. Para esta fase poderiam ser utilizadas quaisquer das técnicas atualmente conhecidas de remediação (talvez a oxidação química seja a mais aplicável), ou outra que ainda pudesse surgir, desde que não se perdesse a visibilidade da melhor relação custo X benefício. Solução existe. Recurso também existe. Já passamos por pouco mais de um ano da data de vencimento do segundo adiamento do prazo final para erradicação dos lixões. Alguém duvida que o cenário de restrição econômica vigente no país vai ser uma ótima justificativa para outro(s) adiamento(s)? Infelizmente perderemos todos nós.

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